terça-feira, 18 de março de 2008

Bush mistura política e religião

Com o quinto aniversário da invasão no Iraque se aproximando na semana que vem, e uma decisão de reduzir as tropas no país, Bush usou um discurso de 30 minutos perante uma audiência entusiasmada – A Associação Nacional de Locutores Religiosos – para argumentar que a liberdade está a caminho, desde que os EUA não percam sua coragem.

"A decisão de remover Saddam Hussei foi a decisão certa no início de minha presidência", ele disse, para uma platéia que o aplaudia em pé. O discurso foi o primeiro em uma série de três que Bush irá fazer para "preparar a mesa", nas palavras de um oficial da Casa Branca, para o depoimento no Congresso do general David H. Petraeus, o principal comandante norte-americano no Iraque, e o embaixador Ryan C. Crocker, o principal diplomata lá.

Os dois são esperados no Capitólio em abril para fazer um relatório do progresso da escalada de tropas no Iraque, e para dar recomendações sobre possíveis reduções de soldados. Com a atenção da nação voltada à corrida para suceder Bush, seus consultores querem o presidente, ao invés dos candidatos à Casa Branca – ou, até pior pela perspectiva da Casa Branca, os democratas no Capitólio – estruturarem a discussão.

Consultores da Casa Branca disseram que Bush quer lembrar os americanos do que ele acredita ser a maior luta ideológica de nosso tempo. Os presidentes por toda a história americana falaram de espalhar a liberdade como uma grande dádiva. Woodrow Wilson falou sobre tornar um lugar mais seguro para a democracia; Ronald Reagan sempre dizia que a liberdade estava apenas há uma geração da extinção. Mas Bush levou sua agenda para outro nível – e em seu discurso na terça-feira ele escolheu usar termos religiosos para uma audiência de conservadores cristãos que formam a espinha dorsal de sua base política.

"A liberdade que valorizamos não é somente nossa", ele disse. "A liberdade não é o presente dos EUA para o mundo; é o presente de Deus para toda a humanidade".

Bush começou seu discurso dando graças para o reverendo Billy Graham, que está se recuperando da cirurgia, dizendo que Graham "trouxe o novo testamento para milhões e há muitos anos ele ajudou a salvar minha vida".

A fé cristã de Bush é bem conhecida, e permeou suas decisões de política doméstica em assuntos que vão de aborto a pesquisas com células-tronco embrionárias. Mas raramente o presidente misturou o discurso com religião e política externa como ele fez na terça-feira. [Grifo acrescentado] Seu diálogo foi marcado com gritos ocasionais de amém e aplausos freqüentes, enquanto ele previa que a liberdade e a democracia iam sair do Iraque e Afeganistão para se espalhar por toda a região.

"Acreditamos que todos os humanos carregam a imagem de nosso mestre; é por isso que fazemos tudo", ele disse. "Ninguém está apto a ser o mestre nem um escravo".

Fonte: The New York Times, 12 de março de 2008.

Tradução: Último Segundo

NOTA: Fica muito difícil acreditar que o principal interesse de George Bush seja realmente a "liberdade", por duas razões: Primeiro, ele também é acionista de empresas de petróleo do Texas, as quais faturaram muito com a entrada dos EUA no Iraque. Segundo, ele pertence à sociedade secreta Skull&Bones, cujo principal objetivo é o estabelecimento da Nova Ordem Mundial - a Babilônia do Apocalipse, que terá como último interesse a liberdade das pessoas. A retórica política, muitas vezes, serve como arma para manipular as massas. Mas o maior destaque desta matéria fica por conta da visível união de interesses políticos e religiosos que, já há algum tempo, se instalou na maior potência do mundo. Profeticamente, isso quer dizer muito: a crise final está às portas, e o poder político-religioso de Apocalipse 13 logo vai se impor ao resto do mundo, legislando sobre o descanso dominical. (FAQ)

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