segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Criança sobreviveu ao abutre, fotógrafo sucumbiu à dor


Kevin Carter disparou, em 1993, no Sudão, a foto que lhe viria a custar a vida, paradoxalmente, eternizando o fotógrafo sul-africano na galeria dos maiores repórteres fotográficos, com um “frame” icônico, o retrato de uma tragédia que não precisa de uma sílaba sequer. Quando fotografou aquela cena, em Ayod, no Sudão, em 1993, Kevin Carter teria visto, como quase toda a gente, na imagem de um abutre postado atrás de uma criança desnutrida, a metáfora perfeita para a fome que grassava, e matava, no Sudão. Disparou e pouco depois entrou no avião. O New York Times publicou a foto, que em 1994 viria a ganhar o prestigiado prêmio Pulitzer. Kevin Carter não suportou a glória de uma imagem que lhe recordaria a sua própria mortalidade, a sua própria face humana, que naquela tarde de 1993, no Sudão, se deixou dominar pelo brio profissional de capturar a imagem que melhor demonstrasse a tragédia que varria o Sudão. Conseguiu-o.

O Mundo viu, nessa foto, a morte e a fome, a morte pela fome. A opinião pública apressou-se a julgar e a condenar sumariamente a alegada frieza com que teria agido Kevin Carter, considerando que o fotógrafo poderia, e deveria, ter feito alguma coisa para salvar a criança. Kevin sentiu o mesmo e foi essa dor que o levou a pôr termo à própria vida, incapaz de suportar a ideia de não ter ajudado a salvar uma vida. [...]

A história de Carter é a de uma talvez infundada má consciência que o atirou para o consumo compulsivo de drogas, segundo o relato de dois amigos, Greg Marinovich e João Silva. [...] João Silva [...] foi o destinatário da carta deixada por Kevin quando do suicídio. A carta, conta João, “era enraivecida”. Nela, explica, Kevin justificava as drogas como “recurso fácil para a dor que sentia”.

Afinal, sabe-se agora, não era preciso ajudar aquela criança, que estava sendo ajudada pela ONU. Conta o El Mundo que a própria imagem ajuda a contar a história desconhecida, até agora, de Kong Nyong, a criança que escapou ao abutre e fintou a fome e a vida de Kevin Carter. Na mão direita da criança, vê-se uma pulseira de plástico da ajuda alimentar da ONU. Ampliando a foto, pode-se ver inscrita a sigla “T3”. “Usavam-se duas letras: ‘T’ para a malnutrição severa e ‘S’ para os que só necessitavam de alimentação suplementar. O número indica a ordem de chegada ao centro alimentar”, contou Florence Mourin, que coordenava os trabalhos naquele campo improvisado de ajuda alimentar.

Feita a explicação, a história, embora dura, parece mais linear: Kong Nyong sofria de malnutrição severa, foi o terceiro a chegar àquele centro e estava recebendo ajuda. Sobreviveu à fome e evitou o abutre. Segundo o pai, morreu em 2006, jovem adulto, vítima “de febres”, não de fome. Kevin Carter é que já não está aqui para testemunhar essa descoberta dos repórteres do El Mundo.

(Jornal de Notícias)

Nota: A presença da dor no mundo, sem dúvida, é um dos maiores “problemas filosófico-teológicos” com os quais os teístas têm que lidar. Se Deus é bom e todo-poderoso, argumentam alguns, por que Ele não faz nada a respeito do assunto? Se não faz, é porque não é tão bom ou não é tão poderoso. Desde Epicuro essa ideia, entre outras, vem sendo usada por ateus e incrédulos a fim de descartar a crença. Curiosamente, eu estava lendo o livro O Problema do Sofrimento (Ed. Vida), do ex-ateu C. S. Lewis, quando me deparei com a matéria acima. Veja o que ele escreveu nas páginas 108 a 111:

“Enquanto o homem mau não toma, na forma de sofrimento, consciência do mal inequivocamente presente em sua existência, ele está preso na ilusão. Uma vez despertado pelo sofrimento, ele sabe que, de uma forma ou de outra, está ‘face a face’ com o Universo real. Assim, ou se rebela (com a possibilidade de uma vazão mais evidente e de um arrependimento mais profundo em algum estágio posterior) ou faz alguma tentativa de adaptação, a qual se for buscada, haverá de leva-lo à religião. [...]

“Até mesmo os ateus se revoltam e exprimem [...] sua cólera contra Deus embora (ou porque) Deus, no ponto de vista deles, não exista. [...] Não resta dúvida de que o sofrimento, no forma de megafone de Deus, é um instrumento terrível, pois pode levar à rebelião definitiva e sem arrependimento [ou ao suicídio?]. Ele propicia, contudo, a única oportunidade que o homem mau pode ter para se emendar. Ele retira o véu ou finca a bandeira da verdade na fortaleza da alma rebelde. [...]

“Ora, Deus, que nos criou, sabe o que somos e que nossa felicidade repousa nEle, contudo não a buscaremos nEle enquanto Ele nos deixar qualquer outro recurso em que ela possa ser procurada de maneira plausível. Enquanto o que chamamos ‘nossa vida’ continuar satisfatório, não o entregaremos a Ele. O que, então, Deus pode fazer em nosso interesse, a não ser tornar ‘nossa vida’ menos satisfatória e privar-nos da fonte plausível da falsa felicidade? É justamente aqui, onde a providência de Deus parece a princípio ser mais cruel, que a humildade Divina [de aceitar aqueles que só se voltam para Ele na dor], o curvar-Se do Ser superior, mais merece louvor. [...]

“Os perigos da aparente autossuficiência explicam por que Nosso Senhor considera os vícios dos fracos e dissolutos de maneira tão mais tolerante que os vícios que levam ao êxito mundano. As prostitutas não correm o risco de achar a vida que têm satisfatória a ponto de não poderem se voltar para Deus. Já o orgulhoso, o avarento e o hipócrita estão correndo perigo.”

Muitas vezes, os pais têm que permitir que os filhos passem por situações difíceis a fim de que eles adquiram experiência em formem bom caráter. E não raro esses pais permitem isso com lágrimas nos olhos, acompanhando tudo de perto, ansiosos por abraçar o filho em processo de aprendizado. O Pai celestial também está “desesperadamente” interessado em nosso bem maior; em nossa segurança e felicidade eternas. E Ele sabe que isso somente será possível quando estivermos do outro lado da eternidade. Esse dia está próximo, mas, por enquanto, o processo de aprendizado prossegue. Deus sente nossa dor (e sentiu muito mais na Cruz...); caminha ao nosso lado com lágrimas nos olhos e corre até mesmo o risco de ser mal interpretado. Tudo para nos ajudar a fazer a mais importante das escolhas: aceitar a salvação que Ele oferece de graça. Se as lágrimas de dor hoje dificultam sua visão, aguarde o dia em que todas as perguntas serão respondidas – no colo do Pai.

Criacionismo

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Quanto cabe de informação no mundo?

Dezenas de jornais e revistas, centenas de canais de TV, milhares de sites com milhões de páginas na web e bilhões de mensagens em redes sociais transitando por PCs, celulares e outros dispositivos. Informação demais? Longe disso, por mais incrível que pareça. Segundo artigo publicado nesta sexta-feira (11/2) no site da revista Science, o mundo não está nem perto de um eventual limite, pelo menos do ponto de vista tecnológico, para lidar com dados digitais. Os autores do estudo, Martin Hilbert e Priscila López, da Universidade do Sul da Califórnia, nos Estados Unidos, calcularam a capacidade mundial para armazenamento, processamento e comunicação de informações a partir da análise de tecnologias analógicas e digitais disponíveis de 1986 a 2007. Os resultados incluem números grandiosos. Em 2007, a humanidade era capaz de lidar com 295 exabytes de dados (ou 2,95 vezes 10 elevado a 20). Para se ter uma ideia da dimensão, se cada estrela no Universo fosse um único bit de dado, haveria uma galáxia de informações para cada pessoa no mundo.

Parece muito, mas depende de onde está a comparação, pois se trata de menos de 1% da informação armazenada em todas as moléculas de DNA de um ser humano.

O estudo observou que 2002 pode ser considerado o início da era digital, pois foi o primeiro ano em que a capacidade de armazenamento digital de dados superou a capacidade analógica. Em 2007, quase 94% da informação produzida pelo homem estava em formato digital.

Em 2007, a humanidade transmitiu 1,9 zetabytes de dados por meio de tecnologias de transmissão de sistemas como televisão e GPS, o que equivale a 174 jornais por dia para cada habitante do planeta. No mesmo ano, a comunicação bidirecional, como telefones, foi responsável pela troca de 65 exabytes de dados, o equivalente a seis jornais por pessoa por dia.

Todos os computadores existentes no mundo em 2007 foram responsáveis pelo processamento de 6,4 vezes 10 elevado a 18 instruções por segundo. Para processar tal ordem de magnitude à mão seriam precisos 2,2 mil vezes o período desde o Big Bang.

Os autores estimaram que, de 1986 a 2007, a capacidade de computação mundial cresceu 58% ao ano, enquanto as telecomunicações cresceram 28% e a capacidade de armazenamento, 23%.

“São números impressionantes, mas ainda minúsculos quando comparados com a ordem de magnitude na qual a natureza lida com informações. Entretanto, enquanto o mundo natural é fascinante em sua dimensão, ele permanece relativamente constante. Por outro lado, as capacidades tecnológicas de processamento da informação no mundo crescem em valores exponenciais”, disse Hilbert.

(Info Exame)

Nota do leitor Valter Baiecijo: “Para tratar do volume de informação mencionado, são utilizados métodos e ferramentas extremamente complexas (ex.: sistemas operacionais, banco de dados relacionais, linguagens de programação, sistemas de armazenamento, redes de comunicação), que são desenvolvidos para essa finalidade, de maneira lógica e racional (sei disso, pois trabalho na área de Tecnologia da Informação). Essa informação tem uma finalidade, um propósito, não apareceu do nada, de maneira aleatória. Então vem a pergunta: Se toda a informação mencionada não representa 1% do que está armazenado nas moléculas de DNA do ser humano, como é possível afirmar que os outros 99% têm uma origem aleatória, não planejada? Agradeço cada dia o fato de ter o maior Administrador de Sistemas cuidando do meu sistema de informações!”

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Esperança contra a depressão

Lição da escola sabatina 712011

Verso para Memorizar: “Perto está o Senhor dos que têm o coração quebrantado e salva os de espírito oprimido” (Salmo 34:18).


Leituras da semana: Sl 42, 31:10; 39:2-7; 32:1-5; 1Jo 1:9; Mq 7:1-7; Ap 21:2-4

A depressão, ou extremo desânimo a ponto de tornar a pessoa inválida, tem sido experimentada desde o começo do pecado. Vários personagens da Bíblia exibiram sintomas que, hoje, provavelmente preencheriam os critérios de diagnóstico da depressão.

A perda da esperança é um sintoma da depressão, e a mensagem bíblica de esperança pode nos oferecer muito, em contraste com um mundo que oferece tão pouco. Todos, às vezes, passam por momentos de desânimo extremo por qualquer variedade de motivos. Não é de admirar, portanto, que a Palavra de Deus esteja cheia de promessas que, não importando nossa situação, podem dar a todos nós motivos para esperar um futuro melhor, se não neste mundo, certamente no porvir.

Claro, quando a depressão é séria, é importante procurar ajuda profissional, tanto quanto possível. Por meio dessas pessoas, o Senhor pode trabalhar para ajudar aqueles que estão em necessidade de cuidados especiais. Afinal, independentemente de seu relacionamento com Deus, se estivesse fisicamente doente, você buscaria a ajuda de um médico ou profissional de saúde. O mesmo acontece com os que estão sofrendo de depressão clínica severa, que frequentemente é provocada por uma predisposição genética e desequilíbrio químico no cérebro. Assim, até mesmo os cristãos, às vezes, podem precisar da ajuda de profissionais.


Abatimento

1. Que sentimentos expressou Davi no Salmo 42? Que esperança é oferecida?

Davi sofria de sérias alterações de humor, em muitas ocasiões, motivadas pela perseguição injusta (por exemplo, Saul e os adversários de Israel). Além disso, o fato de ter violado os mandamentos de Deus provocava profundo senso de culpa (Sl 51:4), e, frequentemente, a culpa está associada à depressão.


Quando a pessoa tem uma imagem negativa de si mesma (“eu sou burro”), encara o mundo de forma pessimista (“a vida é sempre injusta”), e contempla o futuro sem esperanças (“nunca vai melhorar”), as chances de depressão se tornam elevadas. Essa atitude é chamada de “pensamento catastrófico”.


Os cristãos podem optar por maneiras alternativas de interpretar as coisas, incorporando à equação o plano e as mensagens de Deus.
Pense nas seguintes alternativas:


1. Como olhar a si mesmo. Você foi criado à imagem de Deus, pois governa sobre a criação (Gn 1:26, 27). As características de Deus, embora maculadas, ainda estão em você. Jesus Cristo, em Seu sacrifício, o salvou da morte eterna e lhe concedeu privilégios – raça eleita, sacerdócio real, nação santa (1Pe 2:9). Perante os olhos de Deus, você tem um valor infinito.
2. O mundo. É verdade que o mundo está falido e cheio de mal. Ao mesmo tempo, também existem muitas coisas corretas, nobres e admiráveis (Fp 4:8) em que pensar. Além disso, os cristãos podem entender sem desespero a existência do mal, pois conhecem sua origem e destino final.
3. O futuro. Que futuro maravilhoso está reservado para os filhos de Deus! A Bíblia está cheia de promessas com a certeza de salvação (Sl 37:39).

Tristeza não é pecado. Afinal, com frequência, o próprio Jesus Se sentia triste. Não devemos nos sentir culpados por motivo de tristeza ou depressão. Em alguns casos, temos boas razões para nos sentir mal. Como você pode usar as verdades bíblicas declaradas acima para lidar com quaisquer dificuldades que esteja enfrentando agora?


Consequências do desânimo

Eu soltava fracos gemidos de dor como uma andorinha e gemia como uma pomba. Os meus olhos se cansaram de olhar para o céu. Ó Senhor, estou sofrendo! Salva-me!” (Is 38:14, NTLH).


A descrição bíblica acima não deixa dúvida sobre a forte dor manifestada pelo ruidoso pranto de Ezequias. Existem diferenças culturais na manifestação da angústia emocional. Em certos contextos, o povo sofre em silêncio, evitando qualquer reclamação evidente ou visível. Outros (como Ezequias) usam gemidos e lamentações quando sofrem tristeza. Também existem diferenças pessoais; alguns podem se aproximar da morte com mais tranquilidade que outros.


Nas pessoas que sofrem de alguma doença prolongada ou terminal, são comuns os sintomas da depressão. Ezequias estava sofrendo de enfermidade, e sua gravidade prenunciava a morte. Assim, ele experimentou um período de depressão, como descreve Isaías 38. Os sintomas de depressão são tão dolorosos que muitos tentam o suicídio para dar fim a essa experiência horrível. De fato, mais de 10 por cento dos pacientes clinicamente deprimidos cometem suicídio. Claramente, a depressão clínica é um assunto sério e deve ser tratada desse modo.

2. Que sintomas estão expressos nos textos a seguir?
a) Sl 31:10
b) Sl 77:4
c) Sl 102:4, 5
d) 1Rs 19:4

A depressão traz diversas manifestações dolorosas: (a) profundo senso de tristeza, (b) falta de motivação para fazer qualquer coisa, até mesmo atividades agradáveis, (c) mudança de apetite e/ou perda ou ganho de peso, (d) distúrbios do sono: sono insuficiente ou demasiado, (e) sentimentos de baixa autoestima, (f) raciocínio e memória fracos e (g) pensamentos de morte e suicídio. Alguns têm só um ou dois desses sintomas, enquanto outros manifestam vários deles e sofrem por meses até que o episódio termine. Em todo caso, o fardo da depressão é enorme e deve ser aliviado por meio de intervenção médica e espiritual.

Uma vez ou outra, de uma forma ou de outra, por um motivo ou outro, todos sofremos tristeza e desânimo. Que coisas o deixam deprimido, e por quê? Lembre-se de incidentes passados e da direção de Deus em sua vida. Que esperança e encorajamento você pode obter quando se lembra da guia do Senhor? Por que é importante manter vivas essas lembranças?


Alívio da depressão

3. Que aconteceu quando Davi permaneceu em silêncio? Qual foi o resultado de se expressar em voz alta? Sl 39:2-7


Como a maioria das doenças emocionais, o paciente de depressão necessita falar sobre suas dificuldades. Por si só, esse ato pode dar início à cura. Aproximar-se do Senhor em oração fervente e sincera é um caminho seguro para liberar o estresse e a dor psicológica. Frequentemente, precisa haver mais tratamento, mas pode ser um bom começo.


A estratégia básica para lidar com a depressão consiste em falar com um amigo (ou um terapeuta) que saiba ouvir e, muito melhor, que saiba como ajudar a obter recursos mais intensivos, se necessário. Existe um efeito curativo na verbalização dos pensamentos e sentimentos. A comunidade da igreja pode prover um excelente contexto para ajudar o desencorajado, mas, frequentemente, isso é insuficiente, especialmente quando se requer cuidado profissional. Não obstante, é importante que quem esteja passando por tempos difíceis e que esteja se sentindo desencorajado ou mesmo deprimido tenha alguém de confiança com quem falar. Às vezes, só o ato de falar com alguém pode ser uma grande ajuda para que a pessoa se sinta melhor.

4. Que promessa existe no Salmo 55:17? Por que essa promessa deve significar tanto para nós?


O encontro com o conselheiro, mesmo que seja possível, pode não estar agendado até a semana que vem, mas, como Davi – que aprendeu a obter ajuda a qualquer hora do dia ou qualquer dia da semana – também nós podemos nos voltar para o Senhor em qualquer momento. Davi sabia que o Senhor ouvia sua voz, e isso o encorajava muito.


Até mesmo os psicólogos seculares estão recomendando que os pacientes que creem na oração, orem. Todos nós, mesmo quando não sofremos de depressão clínica, podemos experimentar o efeito saudável da oração ao Senhor para nos ajudar. Não importa quem somos nós nem qual a profundeza de nosso desânimo, um relacionamento com Deus pode ajudar muito a trazer esperança, encorajamento e cura.

Certa vez, Ellen G. White descreveu a oração como “o abrir do coração a Deus como a um amigo” (Testemunhos Para a Igreja, v. 4, p. 533). Embora nem sempre a oração resolva todos os nossos problemas, como nos ajuda a lidar com eles?


A necessidade de perdão

5. Como Davi achou alívio para sua agonia? Sl 32:1-5; veja também 1Jo 1:9. Como podemos achar esse mesmo alívio para nós mesmos?

A culpa produzida por pecados não confessados pode se tornar extremamente dolorosa. As expressões usadas por Davi indicam claramente dor intensa, interna. O Salmo 32 e outras passagens dos Salmos mostram a severidade da angústia emocional de Davi.
Quando lidamos com pessoas que sofrem de depressão, devemos ser extremamente cuidadosos em não culpá-los por não haverem confessado seus pecados! Nem devemos simplesmente concluir que são maus, e por isso estão sofrendo. Infelizmente, muitos parecem poder oferecer preocupação e compreensão aos que sofrem de uma doença orgânica ou de verdadeira depressão clínica, mas tendem a ser críticos no trato dos distúrbios mentais ou emocionais provocados por suas próprias ações errôneas.


Edgar Allan Poe, em seu conto “O coração delator”, se refere à história de um homem que cometeu assassinato e escondeu o corpo da vítima debaixo das tábuas do assoalho do quarto em que o assassinato foi cometido. Ele esperava esconder a culpa com o corpo, mas um forte senso de remorso cresceu dentro dele. Um dia, ele ouviu as batidas do coração da vítima; e as batidas ficaram cada vez mais fortes. Mais tarde, ficou claro que as batidas não vinham da sepultura abaixo, mas de seu próprio coração.


Ao mesmo tempo, também, existem pessoas que, tendo confessado seus pecados, ainda sofrem muito pelo senso de culpa. Elas frequentemente se acham indignas de perdão e lamentam o horrível sofrimento que trouxeram por causa de seus pecados, embora tenham sido confessados e, pela fé, tenham sido perdoados por Deus. Essa também pode ser grande fonte de angústia emocional. Nesses casos, é importante destacar as promessas divinas de cura e aceitação, mesmo para os piores pecados. Não podemos desfazer o passado; o que podemos fazer, pela graça de Deus, é buscar aprender de nossos erros passados e, na medida do possível, fazer restituição por todo erro que tenhamos cometido. Afinal, tudo o que podemos fazer é render-nos a Deus e buscar Sua misericórdia, graça e cura.

Mesmo tendo confessado seus pecados, muitos ainda abrigam sentimentos de culpa. Por que é tão importante reconhecer nossos pecados, considerar nossa responsabilidade sobre eles e aprender a ir em frente, apesar de quaisquer erros que cometemos?


Esperança contra a angústia

6. Qual foi a saída do profeta para os problemas sociais e interpessoais à sua volta? Mq 7:1-7


Apenas nos primeiros seis versos, Miqueias descreve um completo leque de atos imorais, pouco éticos e agressivos que havia em seu tempo. Sempre houve diversas formas de opressão e abuso, falta de respeito e consideração, corrupção e engano, desde o começo do pecado. Até hoje, todos enfrentamos esses males. Basta pegar o jornal de hoje, e você poderá encontrar uma correlação direta com a miséria de Israel naquele tempo. Esse caos sociológico se torna especialmente nocivo quando chega perto de casa – afetando algum vizinho, amigo, cônjuge, filho, pai (Mq 7:5, 6).


Relacionamentos interpessoais altamente defeituosos levam a muito estresse e estão associadas à depressão. A esperança é o ingrediente conclusivo claramente indicado por Miqueias (v. 7) para sobreviver em meio a uma crise assim.


A esperança é essencial para se viver com uma saúde mental razoável. A esperança deve existir mesmo para os incrédulos – o jovem à procura de emprego deve esperar encontrar um trabalho, o viajante perdido deve esperar encontrar o caminho, e os investidores que perdem dinheiro devem crer que tempos melhores virão. Viver sem nenhuma esperança leva à falta de significado e morte.


A esperança apresentada na Bíblia vai muito além de uma expectativa positiva. Ela abrange uma perfeita solução e salvação final a partir da redenção em Jesus Cristo. A histórica “bendita esperança” dos adventistas do sétimo dia deve se tornar o ponto focal de nossa vida. A expectação pela vinda de Jesus nos ajuda a obter perspectiva sobre muitas coisas desagradáveis que nos cercam e nos permite olhar com confiança em direção à eternidade.

7. Que esperança nos é oferecida nas promessas da Bíblia? Is 65:17; 2Pe 3:13; Ap 21:2-4. Por que, em certo sentido, essa é a única esperança para alguns de nós?


A fé na nova criação pode trazer conforto àquele que sofre. Assim como a mulher em serviço de parto espera o resultado final do nascimento de seu filho e logo “já não se lembra da aflição” (Jo 16:21), aquele que está perturbado pode, pela graça de Deus, obter esperança pela visão de um Deus amoroso que nos promete um novo mundo sem nenhuma das coisas que nos trazem tanta tristeza atualmente.


Estudo adicional

Leia e medite em Mateus 26:36-43. Jesus estava mergulhado “numa tristeza mortal” (v. 38, NVI). Pense na agonia de Jesus, diante da falta de apoio social e da traição de Seus discípulos, da aparente separação de Deus, e da carga de culpa da humanidade. Seu sofrimento ultrapassou qualquer episódio depressivo experimentado pelos mortais.


“Ao Se aproximar do Getsêmani, [Jesus] Se tornou estranhamente mudo. Muitas vezes estivera ali, para meditar e orar; mas nunca com o coração tão cheio de tristeza como nessa noite de Sua última agonia. Durante Sua vida na Terra, andara à luz da presença de Deus. Quando em conflito com homens que eram inspirados pelo próprio espírito de Satanás, podia dizer: ‘Aquele que Me enviou está comigo; o Pai não Me tem deixado só, porque Eu faço sempre o que Lhe agrada’ (Jo 8:29). Agora, porém, parecia excluído da luz da mantenedora presença de Deus. Era então contado entre os transgressores. Devia suportar a culpa da humanidade caída. Sobre aquele que não conheceu pecado, devia pesar a iniquidade da humanidade. Tão terrível Lhe parecia o pecado, tão grande o peso da culpa que devia levar sobre Si, que foi tentado a temer que ele O separasse para sempre do amor do Pai. Sentindo quão terrível é a ira de Deus contra a transgressão, exclamou: ‘A Minha alma está profundamente triste até a morte’” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 685).

Perguntas para reflexão
1. Que grande papel sua comunidade da igreja local pode desempenhar na ajuda aos que estão sofrendo de depressão ou angústia emocional por alguma razão? Não importando quais sejam seus recursos, não importando quão limitados sejam, que mais pode ser feito para ajudar os que têm necessidades?
2. Como você pode ajudar alguém que ora, aconselha, ama o Senhor e nEle confia, mas ainda se sente subjugado pela tristeza, mesmo não entendendo por quê? Como você pode ajudar essa pessoa a não desistir da fé, mas a se apegar à esperança e às promessas da Palavra?

Respostas sugestivas:

Pergunta 1: Desânimo, depressão, abatimento. Deus tem misericórdia.
Pergunta 2: a) tristeza; b) perturbação; c) inapetência; d) desejo de morte.
Pergunta 3: A dor se agravou. Encontrou esperança em Deus.
Pergunta 4: Deus ouve nossa voz.
Pergunta 5: Buscou o perdão de Deus.
Pergunta 6: Olhar para o Senhor e esperar em Deus, que nos ouve.
Pergunta 7: Não haverá lembranças do passado.