sábado, 28 de dezembro de 2013

Apocalipse 17 e o mistério do oitavo rei

fonte: site Criacionismo

O que simbolizam a meretriz, a besta escarlate e os demais elementos de Apocalipse 17?

Sete séculos se passaram e mais de 70 papas se sucederam até que um novo pontífice ousasse abdicar do chamado trono de Pedro. No dia 11 de fevereiro de 2013, Bento XVI anunciou que declinaria de seu pontificado. “Bem consciente da gravidade deste ato, com plena liberdade, declaro que renuncio ao ministério de bispo de Roma, sucessor de São Pedro”, assim anunciou Bento XVI, alegando sua idade avançada e decrescente vigor. Contudo, dias depois, Bento XVI condenou a “hipocrisia religiosa” e afirmou ter enfrentado “águas agitadas”, certamente em referência aos escândalos de pedofilia, lavagem de dinheiro no Banco do Vaticano e, mais recentemente, de práticas homossexuais na própria Cúria Romana. Em entrevista ao canal de notícias Globo News, no dia 27 de fevereiro deste ano, o arcebispo Dom Geraldo Majella confirmou que até a vida de Bento XVI estava em perigo.

Contudo, as especulações sobre a renúncia de Bento XVI têm ido muito além das questões internas do Vaticano. Em alguns círculos, elas intensificaram uma expectativa em torno da chamada “teoria dos sete reis”, construída sobre Apocalipse 17. A teoria enumera os papas a partir do estabelecimento do Estado do Vaticano, em 1929, até a volta de Jesus. Portanto, Bento XVI, o sétimo papa desde então e cujo pontificado foi relativamente breve, é visto como o “rei” que tinha que “durar pouco” (Ap 17:10). Dessa forma, de acordo com a teoria, o papa Francisco I, o oitavo, seria o último antes da segunda vinda de Cristo (veja mais aqui). Essa teoria não recebe o apoio da Igreja Adventista do Sétimo Dia, pois carece de fundamentação bíblica, como veremos a seguir.

A meretriz e a besta – A interpretação de Apocalipse 17 é um dos maiores desafios para o estudante da Bíblia. Não existe pleno consenso sobre todos os pormenores dessa profecia. No entanto, com o avanço do estudo do Apocalipse, mais luz tem sido lançada sobre essa incrível seção do livro.

Para se compreender os aspectos básicos de Apocalipse 17, é preciso que se entenda o propósito da visão e seu lugar no livro. A visão tem uma ligação direta com o capítulo 16, que trata das sete pragas, sendo que as duas últimas afligem a Babilônia espiritual (Ap 16:12-21). Ao fim do relato dessas pragas, um dos anjos que as derramaram convida João para ver o julgamento (do grego krima, “sentença”) da Babilônia espiritual, a “grande meretriz” (Ap 17:1). Em resumo, o anjo quer mostrar por que Babilônia e seus apoiadores foram tão severamente castigados por Deus (Jacques Doukhan, Secrets of Revelation, p. 160).

João ouviu sobre uma meretriz “sentada sobre muitas águas”, mas o profeta viu uma “mulher montada numa besta escarlate” (Ap 17:1, 3). A figura da mulher nas profecias bíblicas sempre esteve relacionada ao povo de Deus, à igreja (Gn 3:15; Os 2:19; Jr 3:14; 2Co 11:2), ao passo que a prostituição sempre foi associada à infidelidade espiritual da igreja (Jr 3:20; Ez 16:32; Ap 2:20). A meretriz é a contrafação da “noiva, a esposa do Cordeiro”, que também foi apresentada a João por “um dos sete anjos que têm as sete taças” (Ap 21:9). A “grande cidade” (Ap 17:18) tenta imitar a “santa cidade” (Ap 21:10). Em síntese, a meretriz ou Babilônia pretende dominar o mundo, com uma autoridade pretensamente divina, mas satânica em sua essência.

A simbologia religiosa também é evidente na aparência da mulher, “vestida de púrpura e de escarlata, adornada de ouro, de pedras preciosas e de pérolas” e com uma inscrição “na sua fronte” (Ap 17:4, 5), elementos também presentes nas vestes do sumo sacerdote do antigo santuário (Êx 28:4-35; 35:9; 39:30; Ranko Stefanovic, Revelation of Jesus Christ, 2ª ed., p. 517, 518).

A meretriz, portanto, representa um poder religioso que exercerá domínio global nos últimos momentos da história (Ap 17:15). Mas esse poder religioso não dominará sem ajuda. A meretriz precisará de apoio político das nações para exercer influência sobre as massas humanas, assim como a primeira besta depende da segunda, em Apocalipse 13. No capítulo 17, o instrumento que ela utiliza para dominar a humanidade é a besta sobre a qual está montada, que representa um poder político. Bestas (ou animais ferozes), em profecias bíblicas, sempre representaram potências que oprimiram o povo de Deus (Is 30:6, 7; Dn 7:5-7; 11, 19, 23; Ap 13:2, 11). A meretriz seduz a besta, e, por meio dela, exerce domínio mundial.

As armas simbólicas de sua sedução estão em seu corpo e no cálice que ela segura. Ela usa o corpo para se prostituir com os reis da Terra, atraídos por seu luxo e aparência. A simbologia trata das alianças com os governantes, para benefício mútuo (Ap 17:2; 18:3, 12-17; cf. Is 23:15-17; Ez 23:3, 30). Por sua vez, as multidões são enganadas pelo “vinho de sua devassidão” contido no cálice (Ap 17:2, 4). Neste aspecto se representa o poder sedutor da meretriz, que faz uso de um falso evangelho e de milagres (Ap 13:13, 14; 18:23; 19:20; Francis D. Nichol (ed.), The Seventh-Day Adventist Bible Commentary, v. 7, p. 850).

A própria meretriz se achava “embriagada com o sangue dos santos e [...] das testemunhas de Jesus” (Ap 17:6). Nos últimos momentos da história, a meretriz, antes mesmo de tentar derramar sangue inocente, já está embriagada, pois assassinou milhões de filhos de Deus por mais de um milênio (Dn 7:25). Portanto, nenhum outro poder religioso pode se encaixar nessa descrição, além da Igreja Romana.

Ellen G. White identificou a meretriz como a Igreja Romana (O Grande Conflito, p. 171), que será julgada pelos crimes cometidos contra o povo de Deus ao longo da história (Ap 18:24) e até do sangue que intentará derramar no fim dos tempos (Nichol, p. 628). No entanto, a Igreja Romana não estará isolada como poder religioso. A “mãe das meretrizes” (Ap 17:5) terá o apoio de outras organizações religiosas, em especial, de outras denominações cristãs (O Grande Conflito, p. 382, 383). Portanto, essa confederação religiosa formará a Babilônia mística.

A besta e suas cabeças – Se a meretriz representa uma confederação religiosa, a besta, os dez chifres/reinos e os reis da terra (Ap 17:12, 13, 16) representam uma confederação política que a sustentará no desfecho final. Há, portanto, uma distinção clara entre os poderes político e religioso (Nichol, p. 851). Neste ponto se encontra o principal equívoco da teoria dos sete reis como sete papas. Como as cabeças da besta seriam sete papas, se a besta representa o poder político que dá suporte ao papado? Outro erro: Se o oitavo rei representa o último papa, como ele se unirá aos dez chifres/reinos em ódio mortal à meretriz (Ap 17:16), que representa o próprio papado? O papa odiaria a si mesmo? Isso entra em contradição com o sentido lógico do texto.

Ellen G. White descreve a situação crítica dos líderes religiosos apóstatas nos últimos momentos da história. Sofrendo sob as pragas, as multidões reconhecerão o “dedo de Deus” (Êx 8:19) e concluirão que foram iludidas por seus líderes religiosos. Por isso, dirigirão “suas mais amargas condenações contra os ministros”. Então se repetirá a matança ocorrida após o desafio de Elias (1Rs 18:40), e os falsos profetas do tempo do fim serão mortos por seus próprios seguidores (O Grande Conflito, p. 655, 656).

Sobre as cabeças da besta, a chave para sua compreensão está na explicação do anjo (Ap 17:9). Embora o termo “montes” seja tradicionalmente defendido como “uma alusão à cidade de Roma, com suas sete colinas” (Nichol, p. 855), ele tem um sentido específico na antiga mentalidade hebraica. Daniel orou pelo “monte santo” do seu Deus, significando que orava por Jerusalém (Dn 9:16). Jeremias transmitiu uma ameaça divina contra a antiga Babilônia, chamando-a de “monte” que destrói (Jr 51:24). A pedra que destrói a estátua de Nabucodonosor se transforma numa grande montanha, o reino de Deus (Dn 2:35, 44). Assim, ao longo de todo o Antigo Testamento, percebe-se que a palavra “montes” também representa reinos (ver Sl 48:2; 78:68; Is 2:2-3; 13:4; 31:4; 41:15; Ez 35:2, 3; Ob 8, 9; Stefanovic, p. 296).

A interpretação católica, por sua vez, tenta restringir a figura dos sete montes às sete colinas da antiga Roma, para identificar a besta de Apocalipse 17 com o império romano. Em vista disso, Kenneth Strand, teólogo adventista já falecido, ressaltou que a tradução correta do termo grego oros em Apocalipse 17:9 é “montes”, não “colinas”. Afirmou também que, em sentido simbólico, ela sempre deve ser entendida como reinos e nunca como indivíduos ou governantes (Kenneth Strand, “The Seven Heads: Do They Represent Roman Emperors?”,Simposium on Revelation – Book II, v. 7, p. 186).

Assim como “montes”, o termo “reis” também representa reinos (Is 14:4, 22, 23; Dn 2:37, 38, 42-44; 7:17). Portanto, como as cabeças são sete montes e sete reis (Ap 17:9), e ambos representam reinos, as cabeças também simbolizam reinos.

Fator tempo – Evidentemente, os sete reinos representados pelas sete cabeças da besta de Apocalipse 17 foram impérios sucessivos. Na explicação, o anjo afirmou que, no tempo de João, cinco já haviam passado e que “um existe” (Ap 17:10). Esta é a principal referência cronológica da profecia, pois a explicação do anjo fez uma referência aos dias do profeta. Ekkehardt Mueller, diretor associado do Instituto de Pesquisas Bíblicas da Associação Geral da Igreja Adventista, afirma que, se a referência fosse a outro tempo ao qual o profeta tivesse sido transportado, não haveria como determiná-la. Para que a profecia se faça compreendida, a referência cronológica na explicação de qualquer profecia é sempre uma referência ao tempo do profeta. Esse princípio é exposto pelo escatologista Jon Paulien: “A visão não está necessariamente localizada no tempo e lugar do profeta. Mas, quando a visão é posteriormente explicada ao profeta, a explicação sempre vem no tempo, lugar e nas circunstâncias do que tem a visão” (ver Ekkehardt Mueller, “A Besta de Apocalipse 17: Uma Sugestão”, Parousia, 1° sem. 2005. p. 37; ver também Jon Paulien, Armageddon at the Door, p. 214).

Assim, o versículo 10 constitui a âncora cronológica da interpretação das sete cabeças da besta de Apocalipse 17, algo que a teoria dos sete papas ignora. A sexta cabeça representa o Império Romano, existente no tempo de João. Antes do Império Romano, outros cinco oprimiram o povo de Deus, os impérios: egípcio, assírio, babilônico, medo-persa e macedônico (chamado de Grécia, na Bíblia).

O sétimo rei ainda estava no futuro, do ponto de vista de João, Roma papal, que se tornaria predominante na Europa por mais de mil anos. Ela é representada pela sétima cabeça, pois, assim como os outros impérios, também concentrou poderes civis e políticos, incluindo o comando de exércitos e o domínio de territórios.

Alguns veem inconsistência na interpretação do sétimo rei como Roma papal, quando se leva em conta que o sétimo rei deveria “durar pouco” (Ap 17:10). No entanto, segundo Ranko Stefanovic, a expressão “tem de durar pouco” (do grego: oligon auton dei meinai) tem um sentido “qualitativo”, da mesma forma que em Apocalipse 12:12, em que Satanás percebe que “pouco tempo lhe resta” (oligon kairon echei). Após Cristo subir ao Céu, Satanás percebeu que tinha “pouco tempo”, e esse período já se prolonga por quase dois mil anos! “Em outras palavras, a expressão indica que o tempo de Satanás é limitado. A expressão ‘pouco tempo’ de Apocalipse 17:10 está em contraste com mikron kronon (‘pouco tempo’) de Apocalipse 20:3, designado para Satanás, com referência ao julgamento pendente contra ele” (Stefanovic, p. 521).

O oitavo rei – A figura do oitavo rei e alguns aspectos relacionados a ele são a parte mais enigmática da profecia. Sobre esse tópico, a Igreja Adventista do Sétimo Dia não tem uma interpretação estabelecida. Analisando a história da interpretação adventista de Apocalipse 17, Jon Paulien relata que Uriah Smith nem Ellen White definiram o sentido dos versículos 7 a 11 (Paulien, p. 166).

Embora contribuições possam ser dadas, é preciso ter prudência, pois, de acordo com Paulien, “aplicações ultraespecificas para o presente ou futuro imediato têm levado muitos a erros de interpretação embaraçosos”. Em alguns casos, é o testemunho histórico do cumprimento profético que nos permite interpretá-lo. Esse princípio é encontrado em João 13:19: “Desde já vos digo, antes que aconteça, para que, quando acontecer, creiais que Eu Sou” (ver Paulien, 166).

Analisando a profecia, percebemos que o surgimento do oitavo rei está relacionado aos momentos finais deste mundo. Seu aparecimento provoca admiração mundial (v. 8), sua autoridade dura apenas “uma hora”, ou seja, é efêmera (v. 12) e, logo que surge, esse poder “caminha para a destruição” (v. 8), pois vai se unir a dez reis/reinos para enfrentar o Rei dos reis e ser finalmente derrotado (Ap 17:14; 19:16).

A expressão “era e não é” (v. 8, 11) possivelmente é “uma paródia do título de Deus como “Aquele que era, que é e que há de vir” (Ap 4:8; ver 1:4, 8). O título divino se refere ao “nome da aliança de Deus” e a Sua “visitação escatológica” (David Aune, Revelation 17–22, p. 940. In: Stefanovic, 523), ou seja, Deus agindo no fim dos tempos para salvar Seu povo e condenar seus inimigos. Se Deus age desse modo, um poder terreno também atua contrariamente a Ele e a Seu povo. O título “era e não é” contrasta a onipotência de Deus com a transitoriedade e debilidade das nações (ver Is 40:15).     

Outros relacionam a expressão “era e não é” a Roma papal, representada pela primeira besta ferida mortalmente, mas que se recupera como força religiosa no fim dos tempos (Ap 13:1-10). Essa posição aparentemente é a mais plausível, no entanto, colide com pelo menos dois fortes argumentos: (1) A Igreja Romana do fim dos tempos já está representada na visão como a mulher montada sobre a besta. É verdade que ela também é representada historicamente como a sétima cabeça, mas, no desfecho escatológico, a Igreja Romana é representada como a meretriz; (2) ela será tão somente uma força religiosa, não político-militar, como a simbologia da besta exige; (3) o oitavo rei, que é a própria besta (v. 11), odiará a mulher (Igreja Romana e sua confederação, v. 16). Uma confederação religiosa (meretriz) terá o suporte de uma confederação política (a besta e os dez chifres), a qual se voltará contra a meretriz e a destruirá.

Alguns ainda enxergam o oitavo rei ou a besta como o próprio Satanás (Nichol, 856; Mueller, 33), no entanto, esse não parece ser o caso. Embora a semelhança com o dragão de Apocalipse 12 seja evidente na cor, nas sete cabeças e dez chifres (Ap 17:3), percebemos que bestas em profecias apocalípticas geralmente representam impérios perseguidores (Dn 7:5-7, etc.).

Nesse caso também é preciso repetir que a besta odiará a meretriz e a destruirá (Ap 17:16), o que não faz sentido em se tratando de Satanás. A desavença na aliança político-religiosa faz parte de um plano divino (v. 17; ver Ez 23:22-29), não satânico. Também não seria lógico crer que Satanás destruiria seus próprios instrumentos de engano e perseguição (Mt 12:25). Por fim, o apêndice da visão (Ap 17:18) deixa claro que a “grande cidade” (Babilônia mística) domina sobre os “reis da terra” (líderes humanos).

A manifestação final de um poder perseguidor é representada pelo oitavo, que é a besta propriamente dita (v. 11). É interessante notar que o texto grego não afirma a existência de uma oitava “cabeça” e omite a palavra “rei”. Menciona-se apenas o “oitavo”, que, pelo contexto, entendemos ser um “oitavo rei”. Do versículo 12 em diante, a besta é mencionada nominalmente mais quatro vezes (v. 10, 13, 16, 17). Isso reafirma que a besta em si será o oitavo rei e que ela representa um poder mais escatológico que histórico, ou seja, que sua ação no contexto de Apocalipse 17 está mais relacionada ao fim dos tempos do que com o passado (embora ela seja julgada pelo que fez no passado). Portanto, se as sete cabeças da besta representam “reis” (v. 9) ou impérios perseguidores, o oitavo rei será o último deles.

Uma dificuldade desse ponto de vista é que o oitavo rei “procede dos sete” (v. 11), talvez indicando que o último império perseguidor seria Roma papal, que se recuperaria da ferida mortal (Ap 13:12) e voltaria com força renovada nos instantes finais deste mundo (Paulien, p. 219). No entanto, isso contraria o sentido geral do texto e confunde as identidades da mulher (poder religioso) e da besta (poder político). Se a meretriz se prostitui com a besta (reis da terra), ela não pode ser a besta.

A expressão “procede dos sete” talvez tenha uma relação com a natureza do oitavo rei, no sentido de que ele seria semelhante aos anteriores (ver Paulien, p. 219). Alguns enxergam essa expressão como que estabelecendo uma distinção do oitavo reino em relação aos demais (ver Stefanovic, 525). Contudo, a expressão pode indicar tanto semelhança quanto distinção. A preposição grega ek, sem equivalente em português, tem o sentido de “vir de”, como a preposição inglesa from, e foi traduzida em português com o verbo “proceder” (ARA).

João, assim como os demais escritores do Novo Testamento, utiliza ek abundantemente. Contudo, o texto joanino tem como uma de suas características marcantes o uso de ek, indicando associação, mesma natureza, semelhança e, ao mesmo tempo, distinção (confira o verbo “proceder” em Jo 15:26; 1Jo 2:16, 21; 3:8, 10; 4:1, 3, 5, 7; 3Jo 11; Ap 5:9). Assim, o texto parece indicar que o oitavo rei “procede dos sete” no sentido de ser como um deles e não necessariamente ter sido um deles, assim como o Consolador “procede” do Pai, mas não é o Pai (Jo 15:26).

Que reino ou império (v. 9, 11) poderia ser o oitavo? Em primeiro lugar, ele deverá ser uma potência que dará apoio incondicional à Igreja de Roma às vésperas da volta de Jesus. Será um poder coercitivo de alcance mundial que se unirá aos ainda indefinidos dez chifres (reis ou reinos; ver v. 12) e que aglutinará todos os governantes da Terra, formando uma confederação política global (Ap 17:12, 13, 18; 18:3, 9). Essa coalizão se levantará contra Deus e Seu povo, mas será esmagada pelo Rei dos reis (Ap 19:18, 19). Para Paulien, a identidade do oitavo rei ainda está indefinida, mas representa a própria coalizão de nações (Paulien, 219).

Vanderlei Dorneles, autor de O Último Império (CPB), acredita que uma analogia com Apocalipse 13 pode lançar luz sobre a questão (leia o texto dele aqui). Em Apocalipse 13, a segunda besta (os Estados Unidos, ver O Grande Conflito, p. 579) será o poder que dará suporte ao papado, exercendo “autoridade” sobre a “terra e seus habitantes” (v. 12), ou seja, terá uma influência global. Se a mesma aliança é retratada em Apocalipse 17, com a mulher sendo carregada pela besta, é possível fazer uma relação entre ambos os capítulos: como a primeira besta de Apocalipse 13 está para a meretriz, assim a segunda besta de Apocalipse 13 está para o oitavo rei/reino. Ou seja, o oitavo reino representaria a superpotência americana que lideraria as nações para dar suporte à confederação religiosa. “Uma vez que as cabeças representam reinos/impérios sucessivos, o último ou oitavo deles podem ser os Estados Unidos, que seriam o último poder político sobre o qual a meretriz está montada”, afirma Dorneles.

Conclusões – Embora todas as análises de Apocalipse 17 sejam fascinantes, essa seção está em estudo e uma posição definida ainda é esperada. Este artigo não se propôs a esgotar a interpretação, mas o que foi exposto até aqui provê evidências suficientes para se rejeitar a teoria dos sete reis como uma sucessão de indivíduos ou papas. O contraste entre a superficialidade da teoria e os sólidos alicerces da interpretação profética nos relembra a exortação do autor do Apocalipse: “provai os espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo fora” (1Jo 4:1). Não devemos aceitar prontamente as teorias que batem à nossa porta. Devemos ir às Escrituras como os antigos bereanos (At 17:11), para não sermos levados por “todo vento de doutrina” (Ef 4:14).

Por outro lado, no estudo de Apocalipse 17, percebemos como Deus tem o firme controle da história. Ele já sabe quais serão os próximos passos do inimigo e utiliza até mesmo suas manobras malignas para benefício de Seu povo. Embora esteja prevista a formação de uma imensa coalizão político-religiosa contra os “eleitos e fiéis” (Ap 17:14), Cristo, o Rei dos reis, Se levantará como nosso supremo Defensor (Dn 12:1). Aquele que nos criou e deu a vida por nós será nosso refúgio e baluarte. Podemos ter a mesma confiança de que “mais são os que estão conosco do que os que estão com eles” (2Rs 6:15).

(Diogo Cavalcanti é formado em Teologia e é editor associado de livros na Casa Publicadora Brasileira)

Semelhantes, mas diferentes

Apesar das semelhanças, a besta de Apocalipse 17 não é a mesma do capítulo 13. A besta do capítulo 17 representa uma pluralidade de organizações (sete impérios sucessivos mais um império final associado a dez reinos). A besta do capítulo 13 representa apenas um império, Roma papal (O Grande Conflito, p. 54). A besta do capítulo 13 é um poder político-religioso, por isso tem diademas; a do capítulo 17 é um poder político nos eventos finais, mas não tem diademas, pois rende sua autoridade à meretriz. Ambas as bestas são semelhantes, por terem relação direta com o dragão (Ap 12:3). Contudo, é importante lembrar que a besta de Apocalipse 13 está representada historicamente como a sétima cabeça da besta do capítulo 17 e, em seus momentos finais, como a meretriz. 


Veja os slides aqui;




Fonte: Criacionismo.

terça-feira, 16 de abril de 2013

Como a coruja consegue girar a cabeça 270º?


Cientistas da Universidade de Medicina Johns Hopkins, nos Estados Unidos, afirmam ter descoberto os “segredos” por trás da capacidade das corujas de girar a cabeça quase totalmente no corpo - até 270º, segundo o estudo. Usando tomografia computadorizada, angiografia e outras técnicas clínicas, os pesquisadores analisaram a anatomia de 12 corujas. Foram descobertas grandes adaptações biológicas [sic] que permitem que o animal não se machuque ao girar a cabeça. As adaptações estão ligadas à estrutura óssea e à rede de vasos sanguíneos dos animais, segundo o estudo, publicado nesta sexta-feira (1º) na renomada revista Science. Vasos sanguíneos na base da cabeça das corujas, logo abaixo da mandíbula, possuem espessura considerável conforme avançam no sistema circulatório, alguns chegando a ser bem grossos, e mantêm essa estrutura mesmo quando o animal gira a cabeça, diz o estudo.

O fenômeno é diferente do que acontece com os seres humanos, em que as artérias tendem a se “capilarizar” quanto mais extensas são nessa região, segundo os cientistas. Isso torna a estrutura vascular dos humanos muito mais frágil que a das corujas nesse ponto - um giro de cabeça de 270º em humanos tem efeitos extremamente nocivos e pode até levar à morte.

Em outra adaptação [sic], algumas artérias abaixo da cabeça das corujas possuem “reservatórios” que permitem que o sangue seja armazenado. A “vantagem” biológica permite que o sangue chegue ao cérebro e aos olhos do animal mesmo quando ele gira a cabeça. Essas adaptações [sic] ajudam a minimizar interrupções da circulação sanguínea das corujas, de acordo com o estudo.

“Manipular a cabeça de seres humanos é realmente perigoso, porque nós não temos as estruturas de proteção aos vasos sanguíneos que as corujas possuem”, disse o cientista Philippe Gailloud, um dos autores do estudo.


Nota: Outro sistema de complexidade irredutível que precisava funcionar perfeitamente bem desde o início, caso contrário, na primeira girada de cabeça, a coruja morreria. Mas os pesquisadores insistem em chamar de “adaptação”. Criacionista.