A falta de água potável é o maior problema para o ser humano no século 21
Como se já não bastassem problemas ecológicos como o efeito estufa, a poluição atmosférica e o aumento do buraco na camada de ozônio, o mundo se depara com aquela que pode ser sua maior dor de cabeça: a falta de água.
Juntamente com o aquecimento do planeta, a falta de água tem sido a questão mais preocupante neste início de século, segundo pesquisa organizada pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente realizada por 200 cientistas em 50 países. No Dia Recentemente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou um dado espantoso: mais de 1 bilhão de pessoas não terão acesso à água tratada e 3,4 milhões morrerão anualmente por causa de doenças que poderiam ser facilmente evitadas por cuidados com o saneamento e melhores suprimentos de água. Mesmo com as advertências da Organização das Nações Unidas (ONU), que vêm sendo feitas desde 1992, nada se fez para evitar o agravamento do problema.
Segundo previsões do Programa Ambiental das Nações Unidas (Unep), a não ser que sejam modificadas as atuais práticas de desperdício e degradação dos recursos hídricos, dois terços da população mundial estarão vivendo em condições de escassez de água até 2025. Com um crescimento populacional estimado em 2 bilhões de pessoas nos próximos 25 anos, especialistas e autoridades internacionais alertam para um possível colapso das reservas de água doce da Terra.
Do ponto de vista estatístico, o Brasil está numa situação confortável. Mas essa é uma falsa impressão, já que 80% da água potável do País está na Amazônia, onde vivem apenas 5% da população brasileira.
O Estado mais desenvolvido do País, São Paulo, enfrenta grandes dificuldades. A água existe, mas é pouca para atender aglomerações como a da região metropolitana da capital, com seus 17 milhões de habitantes. “Não há no horizonte nenhuma perspectiva de resolver a curto prazo o problema da disponibilidade de água”, diz Antônio Carlos Mendes Tami, secretário de recursos hídricos do Estado de São Paulo.
** AUMENTO DA FOME
O maior desperdício de água potável no mundo está relacionado com a produção de alimentos. Só no Brasil, 59% da água disponível são gastos em agricultura. Por isso, com a sede, a fome acaba pegando carona. Na estiagem de 1877 no Nordeste, por exemplo, calcula-se que meio milhão de pessoas morreram no sertão cearense. A falta de chuva levou à morte o gado e as plantações.
A urbanização complica ainda mais as coisas, especialmente em países populosos como China e Índia. Para atender à demanda de abastecimento doméstico e industrial, a água que deveria ser usada para a agricultura é redirecionada para as cidades. Sem quantidade suficiente para irrigação, esses países são obrigados a importar alimentos. Segundo especialistas, seria necessário um segundo rio Nilo só para produzir a quantidade de grãos importada pelo países do norte da África e do Oriente Médio em um ano.
Dados da ONU comprovam que em menos de duas décadas dois em cada três habitantes do planeta serão afetados por alguma forma de escassez – passando sede, pobreza crônica ou sendo afetados por doenças contagiosas. De fato, 29 países já têm problemas com a falta de água, e o quadro tende a piorar. “Até duas décadas atrás, problemas sérios com água estavam confinados a alguns bolsões do mundo. Hoje eles existem em todos os continentes e estão se disseminando rapidamente”, disse a uma revista de circulação nacional a estudiosa americana Sandra Postel, dirigente da Global Water Policy Project.
** TEMPOS DIFÍCEIS
Embora não haja uma profecia bíblica que trate especificamente do problema da água, ele é suficientemente importante para afetar todo o cenário mundial atual, apontado pelas Escrituras como “tempos difíceis” (II Tim. 3:1). Segundo a ONU, no último meio século, a disponibilidade de água por pessoa diminuiu 60%. Já a população aumentou 50%. Por outro lado, 60% da população urbana dos países em desenvolvimento não têm acesso às condições básicas de saneamento. E, com o aumento populacional, a situação tende a piorar.
Roberto Kishinami, em artigo publicado no Estado de S. Paulo , disse que “estão previstos conflitos pelo controle da água neste século. No Brasil, o conflito é ainda interno. Não há muito tempo para resolvê-lo, antes que o aquecimento global venha a piorar o quadro”.
Além da sede, fome e doenças são a conseqüência imediata da falta de água e de saneamento adequado. Jesus disse, em Lucas 21:11, que no fim dos dias haveria “terremotos, epidemias e fome em vários lugares”.
Com a entrada do pecado no mundo, o ambiente global, que era perfeitamente equilibrado, passou por transformações. O naturalista Harry Baerg, em seu livro O Mundo Já Foi Melhor (Casa), diz que “após a Queda, as características físicas da Terra devem ter mudado gradualmente. O mundo era regado por uma neblina. As árvores eram altas e eretas, a vegetação abundante, e o calor extremo e o frio rigoroso eram desconhecidos. O clima dos trópicos deve ter sido quente mas não excessivamente. Gradualmente, as condições ideais começaram a sofrer um desequilíbrio”. E o apóstolo Paulo diz que “toda a criação, a um só tempo, geme e suporta angústias até agora” (Rom. 8:22).
Ruben Aguilar, professor de arqueologia bíblica no Unasp, prevê grandes efeitos na natureza, em decorrência da falta de água: alteração no ciclo climático, diminuição da umidade atmosférica e modificação de processos de transformação da superfície da Terra. “Tudo isso intensificará os temores do ser humano deste início de século”, afirma.
Para o professor de teologia histórica Alberto Ronald Timm, “a Bíblia apresenta um íntimo relacionamento entre os seres humanos e a Terra. O pecado afetou a natureza e ela se rebelou contra o homem. Em Deuteronômio 28, lemos que a obediência traria consigo prosperidade. As chuvas e a fertilidade do solo seriam uma retribuição pela dedicação a Deus”. Para ele, o problema da falta de água existe, em primeiro lugar, devido ao mau uso da natureza por parte do ser humano, e faz parte do conjunto de calamidades que ocorrerão nos últimos dias, como prenúncio da volta de Cristo.
** MATANDO A SEDE
A Bíblia reconhece a grande importância da água para a humanidade. Por isso mesmo, no capítulo 4 do evangelho de João, Cristo Se compara à “água viva”, e afirma que “aquele, porém, que beber da água que Eu lhe der nunca mais terá sede; pelo contrário, a água que Eu lhe der será nele uma fonte a jorrar para a vida eterna” (verso 14). E no Apocalipse encontra-se o convite aos sedentos espirituais: “Aquele que tem sede venha, e quem quiser receba de graça a água da vida” (Apoc. 22:17).
Aos poucos, os recursos naturais deste mundo vão se esgotando, anunciando uma sombria perspectiva de futuro. É a chegada do tempo do fim, como anunciam as Escrituras. Há, no entanto, um manancial inesgotável, sempre à disposição: o amor e a misericórdia de Deus, o Criador de todas as águas.
Dicas de consumo consciente
• Ao tomar banho, feche a torneira do chuveiro elétrico enquanto se ensaboa. Assim é possível fazer uma economia de cerca de 96 litros de água.
• Uma torneira pingando moderadamente desperdiça por volta de 46 litros de água por dia. Esse desperdício durante um ano seria suficiente para atender todas as necessidades de água de uma pessoa durante mais de 2 meses.
• Lave a calçada de sua casa ou edifício com baldes e não com mangueiras. A utilização de uma mangueira com abertura de meia volta na torneira durante 30 minutos gasta, no mínimo, 560 litros de água. Utilizando-se 5 baldes de 10 litros, apenas 50 litros de água seriam gastos.
• Antes de abrir a torneira da pia da cozinha, jogue fora os restos de alimentos que ficam nos pratos e panelas. Depois, abra a torneira e encha a cuba da pia até a metade. Com essa água, ensaboe a louça, mantendo a torneira fechada. Após ensaboar toda a louça, encha a cuba novamente até a metade e enxágüe toda a louça. Dessa forma, você consome cerca de 20 litros de água por lavagem de louça – 223 litros a menos do que se mantivesse a torneira aberta.
• Deixando a torneira aberta enquanto escova os dentes, você gasta aproximadamente 12 litros de água. Escovando os dentes 3 vezes ao dia, você acaba gastando 36 litros, o que equivale a 1.080 litros por mês.
• Troque a descarga de seu vaso sanitário. Adquira o sistema de Volume de Descarga Reduzido (VDR), que consome 6 litros por descarga. Um vaso sanitário com válvula corretamente regulada, com o tempo de acionamento de 6 segundos, gasta 10 litros de água. Portanto, mesmo a descarga regulada consome 4 litros a mais.
• Ao regar o jardim, use mangueira com esguicho do tipo revólver. Aproveite a água da chuva para lavar as áreas externas.
• Evite vazamentos. Quase 40% da água consumida no Brasil é desperdiçada devido a vazamentos, equipamentos velhos e uso inadequado.
Distribuição da água no planeta
Embora exista muita água no planeta, o maior volume (97,5%) está nos oceanos e é salgada. Apenas 2,5% é doce, mas está concentrada nas regiões polares, na forma de gelo. Resta à humanidade 0,7% da água doce da Terra, armazenada no subsolo, o que dificulta sua utilização. Somente 0,007% está disponível em rios e lagos superficiais. (www.rededasaguas.org.br)
Consumo dos brasileiros
No Brasil cada habitante gasta, em média, 200 litros de água por dia em:
33% Descarga de banheiro
27% Consumo (cozinhar, beber)
25% Higiene (banho, escovar dentes)
12% Lavagem de roupa
3% Outros, como lavagem de carro
Fonte: Michelson Borges, jornalista
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