terça-feira, 7 de julho de 2009

É impossível o arrependimento de acordo com Hebreus 6:4-6?

É impossível o arrependimento de acordo com Hebreus 6:4-6?

A seguir, disponibilizo a resposta do Prof. Pedro Apolinário (que hoje descansa no Senhor) sobre um texto que tem deixado muitos cristãos perplexos. Foi extraída e adaptada do livro “Leia e Compreenda Melhor a Bíblia” (agosto de 1985 – segunda edição ampliada), pág. 111-114.

Tenho certeza de que o estudo contextualizado de Hebreus 6 lhe dará esperança e a certeza do amor de Deus por cada pecador - não importa o quanto tenha ido longe (desde que se arrependa)!

Vamos ao estudo do professor Apolinário:

Em Hebreus 6:4-6 lemos: “É impossível, pois, que aqueles que uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se tornaram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus e os poderes do mundo vindouro, e caíram, sim, é impossível outra vez renová-los para arrependimento, visto que, de novo, estão crucificando para si mesmos o Filho de Deus e expondo-o à ignomínia”.

Estes versos, através dos séculos, têm deixado seus leitores angustiados e perplexos, por que a primeira vista parecem ensinar que não há esperança de arrependimento ou de aceitação divina para aqueles que aceitaram a Cristo e depois O rejeitaram.

Para melhor compreensão do problema, Hebreus 6:4 deve ser estudado juntamente com as declarações que tratam do mesmo assunto em Hebreus 10: 26-31 e 12: 15-17; 25-29.

Há várias interpretações sugeridas para solucionar os aparentes paradoxos desta passagem com as demais doutrinas escriturísticas, destacando-se entre estas as arminianas e as calvinistas, apresentadas por Russell Champlin em O Novo Testamento Interpretado, vol. 5, págs 537 e 538.

Em uma coisa os comentaristas estão de acordo: há neste trecho referências ao pecado da apostasia.

Declara o Comentário Bíblico Adventista do 7º Dia: “Entre as várias opiniões que têm sido sugeridas, duas são dignas de consideração:

“1o) Que a apostasia aqui referida é o ato de cometer o pecado imperdoável (Mateus 12:31-32), uma vez que esta é a única forma de apostasia que é sem esperança;

“2o) Que a passagem corretamente compreendida não ensina a absoluta desesperança da apostasia aqui descrita, mas uma desesperança condicional (Hebreus 6:6). A maioria dos comentaristas aceita a primeira alternativa, embora a segunda tenha méritos e possa ser baseada no grego”.

Como bem salientou Cotton: “nada pode existir nesta passagem que nos leve a duvidar da total misericórdia de Deus, pois do contrário, esta passagem destruiria o evangelho”.

Deduzimos da leitura de Hebreus 6:4-6 e das outras passagens correlatas, que Paulo fala de pessoas que propositadamente rejeitaram a Cristo e os princípios do evangelho.

As afirmações aqui consignadas pelo apóstolo trouxeram sérios problemas para a igreja cristã, especialmente durante as perseguições, quando alguns fraquejaram e posteriormente arrependidos de terem sido tíbios na fé quiseram voltar. E, infelizmente, muitas comunidades cristãs não queriam aceitá-los escudados em Hebreus 6:6.

A seguinte verdade não pode ser esquecida: Cristo está sempre de braços abertos para receber o mais indigno pecador, que reconhece o erro e apela pelo perdão, como nos relata Mateus 18:22 e se comprova na triste experiência de Pedro. Em contrapartida, outra verdade escriturística deve ser lembrada: não há esperança para quem consciente e deliberadamente rejeita os ensinamentos de Cristo e o seu sacrifício vicário em nosso favor.

Fonte: Na mira da verdade

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