quinta-feira, 18 de junho de 2009

Sarkozy pede uma nova ordem mundial

"A globalização não sobreviverá à lei da selva, porque não pode haver libertade sem regras". Estas foram algumas das palavras que o presidente francês, Nicolás Sarkozy, pronunciou nesta segunda na Cimeira Mundial sobre o Emprego, realizada em Genebra (Suíça) e de onde vários chefes de Estado e de Governo, assim como ministros de Trabalho, buscaram receitas para superar a grave crise causada no mercado laboral pela recessão econômica mundial.

Sarkozy fez um chamamento a estabelecer uma nova ordem social mundial e a não repetir os erros do passado. Para o presidente da República francesa, o capitalismo se "tornou louco" a cargo de não submeter-se a "nenhuma regra". Para Sarkozy, "a regulação" do mundo é a questão crucial". Ademais, acrescentou que aqueles que dizem que tudo poderá seguir como antes quando se resolva a atual crise econômica e financiera "fazem uma análise totalmente suicida".

O presidente francés perguntou se diante da miséria, fome, trabalhos forçados e alteração climática que ameaçam a sobrevivência de uma parte da humanidade, "temos direito a esperar?". Sarkozy assegurou que a globalização não pode governar-se só por oferta e demanda, renunciando aos princípios morais.

Intervenção efetiva

Em sua intervenção, Nicolás Sarkozy propôs uma "revolução no governo mundial" para que as normas que estão escritas nos acordos internacionais sejam aplicadas efectivamente. Nesta nova forma de Governo, segundo Sarkozy, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) deve ter direito a dizer a última palabra ante o FMI e o BM quando estão em jogo normas fundamentais que ela se encarrega de respeitar.

"Necessitamos regras que se convertam em normas que se imponham a todos. Não se trata de harmonizar ao detalhe todas as legislações do trabalho. Não se trata de impor aos países mais pobres as normas sociais dos países mais ricos. Se trata de por em pé entre as nações um sistema de regras que tire de todo o mundo para cima, em vez de tirar de todos para baixo", sublinhou.

Fonte - 20 Minutos

Nota DDP: É interessante observar como os discursos se afinam. Receitas uniformes, uma nova ordem mundial, maior regulação. Tudo baseado em princípios morais. Em outras palavras, o estabelecimento de princípios éticos que visem o bem comum.

O presidente francês que já se deparou com problemas relacionados ao trabalho naquele país e que mantém aparentes laços com os interesses da igreja romana, até porque não esconde suas preferências religiosas, certamente não mudou sua perspectiva de que "a religião oferece algo que o estado não pode dar". Desnecessário dizer que o presidente francês é uma das maiores lideranças políticas da atualidade e, logicamente, seu discurso tem peso no cenário internacional.

Por outro lado, há de ser assinalada a preocupação de inserir a OIT no contexto de que se faça com que "as normas que estão escritas nos acordos internacionais sejam aplicadas efetivamente. Neste contexto, de ser citada a Convenção 14 da OIT, em seu Artigo 2, ítem 3:

"O descanso coincidirá, sempre que seja possível, com os dias consagrados pela tradição ou os costumes do país e da região."

Não se precisa pensar muito para se perceber que a chamada é no sentido de que sejam tomadas normas de caráter global mínimas para padronizar os procedimentos relativos aos trabalho, algo que também vem sendo pedido pelo Vaticano. Aliás, os discursos são extremamente similares e congruentes, não há como se negar.

Sobre o dia eleito para um dia de descanso universal, o que deverá ser realizado através de "regras que se convertam em normas que se imponham a todos", não há muita dificuldade também para se perceber que o domingo seja a primeira opção.

Maranata.

[Pesquisa - Hiscael Moreno]

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