Vivendo entre os reinados de Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias, Isaías pregou por mais de quatro décadas tumultuadas, durante as quais ele produziu alguns dos mais ricos textos da Bíblia. Escrito durante um período de turbulência política, moral, militar e econômica, o livro de Isaías é permeado, não apenas de advertências de trevas e destruição sobre os impenitentes, mas com temas da salvação, libertação e esperança. A esperança é encontrada no “Senhor, o teu Redentor, o Santo de Israel”, Aquele que diz: “Sou o Senhor, o teu Deus, que te ensina o que é útil e te guia pelo caminho em que deves andar” (Is 48:17).
Não tragam mais sacrifícios inúteis
“Naquele dia o Senhor arrancará os enfeites delas: as pulseiras, as testeiras e os colares; os pendentes, os braceletes e os véus, os enfeites de cabeça, as correntinhas de tornozelo, os cintos, os talismãs [caixinhas de perfume] e os amuletos; os anéis e os enfeites para o nariz; as roupas caras, as capas, as mantilhas, e as bolsas; os espelhos, as roupas de linho, as tiaras e os xales” (Is 3:18-23, NVI).
Os capítulos iniciais de Isaías apresentam um quadro bastante sombrio da condição espiritual do reino do Sul. Com o tempo, os descendentes dos que presenciaram os incríveis milagres do Êxodo haviam caído na condescendência. E foram mais fundo. Sem dúvida, a maioria deles acreditava que todas aquelas maravilhas haviam acontecido, mas podem ter se perguntando: “E daí? O que tudo isso tem que ver conosco hoje? Por que o que aconteceu aos nossos antepassados há muito tempo é relevante para nós, hoje?
1. Faça uma leitura rápida dos capítulos 1 a 5 de Isaías. Que atitudes e ações das pessoas resultaram nessas advertências tão severas? Que paralelos você pode encontrar com a igreja hoje?
Talvez a parte mais assustadora em tudo isso se encontre em Isaías 1, onde o Senhor condena todas as suas cerimônias e práticas religiosas. Em outras palavras, essas pessoas professavam servir a Deus e praticavam as formas de adoração. E, no entanto, o que o Senhor diz sobre eles e sua adoração? (Is 1:11-15).
Como você adora o Senhor? Sobre que você pensa quando presta culto? Quanto de sua adoração é exibição, e quanto é sentimento profundo de submissão, louvor e arrependimento, e como você pode saber a diferença?
Lábios impuros
Foi no contexto do quadro terrível apresentado na lição de ontem que o profeta Isaías recebeu seu chamado. Aconteceu por volta de 740 a.C., o ano em que morreu o rei Uzias, de Israel. Uzias começou bem, depois caiu em apostasia (2Cr 26) e teve um fim terrível. Nesse tempo, Isaías começou seu ministério, depois de haver recebido uma visão poderosa do Senhor.
2. Leia Isaías 6:1-8. Como Isaías reagiu diante da visão de Deus? Por que isso é tão significativo, especialmente para nossa compreensão do plano da salvação?
“Ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros, habito no meio de um povo de impuros lábios” (Is 6:5). Observe que a resposta de Isaías não foi sobre o poder e a majestade de Deus em contraste com sua própria fraqueza, nem sobre a eternidade de Deus em contraste com sua própria transitoriedade. Em vez disso, a resposta tratava de moralidade. Isaías, tendo essa visão de Deus, vendo “as abas de Suas vestes” (Is 6:1) enchendo o templo, foi dominado pelo contraste entre a santidade de Deus e sua própria impureza. Naquele momento, ele percebeu que seu grande problema era uma questão moral, e que sua natureza caída e sua corrupção poderiam causar sua ruína. Além disso, como poderia ele, um “homem de lábios impuros”, falar em nome do Senhor dos exércitos?
3. Qual foi a solução para esse problema? Is 6:6, 7
O ato simbólico de tocar seus lábios com a brasa revelou a realidade da conversão de Isaías. Agora, seu pecado estava perdoado; ele tinha uma vida nova no Senhor, e o fruto dessa conversão foi revelado no verso 8, quando ele clamou “Eis-me aqui, envia-me a mim”. Sabendo que seu pecado tinha sido “purificado”, ele então avançou pela fé, confiando na justiça e santidade do Deus revelado a ele naquela visão.
Agora responda para você mesmo: Que tipo de fruto tem se manifestado após sua própria conversão?
Vestes que não duram
Como vimos antes, Isaías passou bastante tempo advertindo sobre o juízo, mas intercalou essas advertências com animadoras promessas de Deus. Após uma explicação sobre a devastação da terra, executada pelo Senhor, Isaías falou aos que haviam esperado, com sinceridade, o cumprimento de todas as promessas, mas que haviam esquecido os muitos exemplos em que o Senhor guiou Seu povo, em tempos difíceis.
4. Leia Isaías 51:6-8. Que mensagem o Senhor está trazendo ao povo? Que contrastes são apresentados? Que esperança é oferecida?
Quem ainda não viu como as roupas podem ser danificadas ou desgastadas, rápida e facilmente? Basta um pequeno descuido, e as melhores e mais ricas vestes podem ser arruinadas. Que paralelo apropriado para este mundo e as pessoas que estão nele! Quão depressa passamos por aqui, e quão depressa vamos embora! No Novo Testamento, Tiago compara nossa existência a uma “névoa” ou a uma “neblina” (Tg 4:14). O poeta galês Dylan Thomas rogou que seu pai, moribundo, “não seguisse mansamente essa boa noite”, mas que “ficasse furioso, furioso, contra a morte da luz”. Podemos nos enfurecer tanto quanto quisermos, porém, mais cedo ou mais tarde, como uma roupa, estaremos desgastados.
As palavras de Isaías 51:7 são dirigidas aos que sabem o que é certo, e que têm a lei de Deus no coração. O que isso significa para nós? A lei nos ajuda a saber o que é certo? Saber o que é certo é suficiente para nos levar a fazer o que é correto, ou é preciso algo mais? Comente.
Vestes de esplendor
Ao ler o Antigo Testamento, a tendência é sempre ficar preso a todas as advertências de destruição iminente. Os críticos da Bíblia amam apontar essas coisas e declaram: “Quem desejaria adorar ou amar um Deus assim?” No entanto, isso é leitura seletiva. Repetidas vezes, em meio a advertências, o Senhor oferece uma saída para escapar da destruição. Sim, rebelião e desobediência trazem os frutos da destruição. Mas o Senhor sempre apela ao Seu povo, dizendo que isso não precisa acontecer, porque ao nosso dispor estão salvação, justiça e segurança. Só precisamos suplicá-las em nome do Senhor.
5. Qual é a mensagem de Isaías 52? Que esperança é oferecida? Qual é o significado dessas “roupas de esplendor” (v. 1, NIV) que as pessoas são instruídas a vestir?
Novamente, temos o Senhor chamando Seu povo de volta ao arrependimento, obediência e salvação. As “roupas de esplendor” são as vestes de justiça, a cobertura concedida a todos os que se renderam ao Senhor e que vivem pela fé e obediência aos Seus mandamentos. Isso nunca foi complicado: desde o Éden, tudo o que Deus pede de Seu povo é que viva pela fé, em obediência a Ele.
As vestes da salvação
Alguns dos textos mais famosos de toda a Bíblia aparecem em Lucas 4:16-20, quando Jesus Se levantou na sinagoga de Sua cidade natal e leu o capítulo 61 do livro de Isaías. Então, para grande espanto dos que ouviam, Ele declarou: “Hoje, se cumpriu a Escritura que acabais de ouvir” (Lc 4:21).
6. Quais são os temas de Isaías 61? Quais desses temas são selecionados e explicados no Novo Testamento? Veja, por exemplo, o verso 6. Como o evangelho é apresentado nesse capítulo?
Esses versos são tão ricos, cheios de todo tipo de imagem do Antigo Testamento que, finalmente, se tornam parte do Novo Testamento. O verso 10 é fundamental ao nosso interesse: “A providência tomada é completa, e a eterna justiça de Cristo é colocada ao crédito de toda pessoa crente. As vestes, preciosas e sem mácula, tecidas nos teares do Céu, foram providas para o pecador arrependido e crente, e ele poderá dizer: ‘É grande o meu prazer no Senhor! Regozija-se a minha alma em meu Deus! Pois Ele me vestiu com as vestes da salvação e sobre mim pôs o manto da justiça, qual noivo que adorna a cabeça como um sacerdote, qual noiva que se enfeita com joias’” (Is 61:10, NVI; Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 394).
7. Que promessas você pode tirar de Isaías 61? Como aplicar essas promessas na prática? O que precisamos mudar para receber essas promessas?
Estudo adicional
Leia de Ellen G. White, Parábolas de Jesus, p. 206, 210, “A Reabilitação do Homem”; Profetas e Reis, p. 668, “Instruídos na Lei de Deus”; O Desejado de Todas as Nações, p. 754, “O Calvário”; O Grande Conflito, p. 460, “Restauração da Verdade”.
A vestidura branca é a pureza de caráter, a justiça de Cristo comunicada ao pecador. Esta é na verdade uma vestimenta de textura celestial” (Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja, v. 4, p. 88).
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