domingo, 1 de maio de 2011

O manto de Elias e Eliseu


Casa Publicadora Brasileira – Lição 622011

VERSO PARA MEMORIZAR: “Porque a tristeza segundo Deus produz arrependimento para a salvação, que a ninguém traz pesar; mas a tristeza do mundo produz morte” (2 Coríntios 7:10).

Leitura para o estudo desta semana: 1Rs 19:1-19; 2Sm 10:3, 4; Ez 16:15, 16; 1Rs 21:21-29; 2 Rs 2:1-18

Poucos personagens bíblicos tiveram uma existência mais agitada do que o profeta Elias. Que história incrível de fé, de provação e do irresistível poder de Deus neste mundo!


Hoje, pelo menos no judaísmo, ele ainda se destaca. De fato, na tradição judaica, ele tem sido mais exaltado do que, talvez, qualquer outra figura bíblica.


A cada Páscoa, por exemplo, um copo especial cheio de vinho é colocado sobre a mesa. Durante a Páscoa, a porta da casa é aberta, e todos se colocam em pé para permitir que o profeta Elias entre e beba. Nas circuncisões, uma cadeira, “a cadeira de Elias”, é reservada como parte da cerimônia. Além disso, no fim do sábado, os judeus cantam sobre Elias, esperando que ele venha “rapidamente, em nossos dias… juntamente com o Messias, filho de Davi, para nos redimir”.


No pensamento judaico, um exemplo da preeminência de Elias é encontrado no Evangelho de Mateus, quando Pedro disse que alguns pensavam que o próprio Jesus fosse Elias (Mt 16:14).


Nesta semana, vamos descobrir quais lições espirituais podemos tirar de Elias e do manto que ele usava.



“Uma voz tranquila e suave”

A vida de Elias, registrada em 1 Reis e 2 Reis, inclui exemplos em que ele enfrentou corajosamente as ameaças dos reis contra sua vida. Houve, contudo, uma notável exceção, o momento em que, assustado com as ameaças de uma sórdida rainha, ele fugiu para salvar a vida.


Em 1 Reis 18, ele pediu que descesse fogo do Céu sobre o Monte Carmelo, fez com que os profetas de Baal fossem mortos e advertiu Acabe sobre a chuva que se aproximava. O poder do Senhor veio sobre ele, e depois que ele prendeu seu manto no cinto, correu a distância de 32 quilômetros à frente de Acabe, até Jezreel.


No capítulo seguinte, todavia, esse mesmo homem de Deus aparece sob uma luz inteiramente nova.

1. Que lições podemos tirar de 1 Reis 19:1-4, sobre o efeito das dificuldades da vida nas emoções e ações dos servos de Deus?


O Senhor, porém, não havia rejeitado Elias, nem mesmo depois de sua oração bastante desesperada e triste. Ele ainda deu a Elias poderosa evidência de Seu amor por ele e de Seu interesse na vida do profeta.

2. Em 1 Reis 19:5-19, por que Elias envolveu seu rosto com o manto?


É fascinante que, embora Elias tenha visto o grande vento, o terremoto e o fogo, nenhuma dessas coisas fez com que ele envolvesse o rosto no manto. Somente a presença do Senhor em uma voz “tranquila e suave”, trouxe a ele essa resposta, uma resposta de temor, respeito e autoproteção.


Elias precisava aprender que, embora aquelas forças fossem poderosas e impressionantes, elas não retratavam em si mesmas a verdadeira imagem do Espírito de Deus. Elias ouviu a voz do Senhor de forma calma e delicada, lhe dizendo o que fazer, e foi a essa voz que ele obedeceu.

Como podemos aprender a reconhecer a voz do Senhor falando conosco? Mais importante, porém, é esta pergunta: Você obedece ao que ouve, ou você abafa essa “voz tranquila e suave” que fala ao seu coração? O que sua resposta diz sobre você?


A troca de vestimentas

Após a magnífica demonstração do poder de Deus no Monte Carmelo, Elias reclamou que ele era o único que permanecia amando o Senhor. Parece que Deus ignorou a lamentação de Elias, mas quando ele terminou sua fala, o Senhor lhe deu instruções: ele deveria ungir dois reis e Eliseu.


Seguindo a orientação do Senhor, de encontrar um sucessor, Elias partiu para a fazenda de Safate, pai de Eliseu, e encontrou Eliseu lavrando com bois. Talvez Elias tivesse acenado para Eliseu, para obter sua atenção, e Eliseu tenha parado seu trabalho e esperado para ouvir a mensagem de Elias.

3. Como o chamado de Eliseu foi revelado ali no campo, em 1 Reis 19:19?


Não são reveladas as palavras exatas de Elias, nem a resposta de Eliseu ao chamado de Elias, mas sabemos que ele respondeu positivamente. Naquele momento, Elias lançou seu manto, símbolo de suas responsabilidades como servo de Deus, sobre os ombros de Eliseu (leia Nm 20:28). O simbolismo é muito óbvio. Eliseu recebeu, então, um chamado sagrado.


Em outros incidentes da Bíblia, um manto (ou capa ou alguma vestimenta semelhante), nem sempre foi usado como indicação do chamado de Deus para servi-Lo.

4. Leia Jó 1:20; Sl 109:29; Jd 22, 23; 2Sm 10:3, 4; Ez 16:15, 16. Como a ideia de “manto” é usada nos versos acima?


O manto de Elias significava devoção, comprometimento e dedicação. “Quando Elias, divinamente dirigido na busca de um sucessor, passou pelo campo que Eliseu estava arando, lançou sobre os ombros do jovem o manto da consagração. Durante a fome, a família de Safate se havia relacionado com a obra e missão de Elias; e então, o Espírito de Deus impressionou o coração de Eliseu quanto ao significado do ato do profeta. Isso foi para ele o sinal de que Deus o havia chamado para ser o sucessor de Elias” (Ellen G. White,Profetas e Reis, p. 219, 220).

Pense como um único objeto pode ter boas e más conotações, dependendo de como é usado. O que você está fazendo com as coisas na sua vida? Que tipo de significados você está lhes dando, por suas ações? O que elas têm simbolizado para você, e por quê?


O uso de pano de saco

Nas narrativas de Elias, o vestuário entra em cena também com outros personagens. Acabe, rei de Israel, queria comprar uma vinha que ficava ao lado do palácio. Ela pertencia a Nabote, o jezreelita. Quando Nabote se recusou a vendê-la, e Jezabel ouviu falar no assunto, ela se enfureceu e de forma astuta planejou uma conspiração para a morte de Nabote. Após esse crime, Acabe tomou posse da vinha. Mal sabia ele que Elias tinha sido instruído para encontrá-lo ali.


“Diga-lhe: Assim diz o Senhor: Você assassinou um homem e ainda se apossou de sua propriedade? E acrescentou: Assim diz o Senhor: No local onde os cães lamberam o sangue de Nabote, lamberão também o seu sangue; isso mesmo, o seu sangue!” (1Rs 21:19, NVI).


A missão de Elias, de enfrentar Acabe acerca de várias questões sérias deve ter produzido uma grande quantidade de estresse, mas, pelo menos nessa situação, ele parecia forte e disposto a seguir as instruções de seu Senhor, embora soubesse que sua vida poderia estar em perigo. Agora, ele deveria dizer a Acabe quais eram as denúncias que o Senhor havia pronunciado sobre ele, além daquela sobre os cães lambendo seu sangue.

5. Como devemos entender a resposta de Acabe em 1 Reis 21:21-29, especialmente tendo em conta o que esses versos dizem sobre o tipo de homem que ele era?

Quando Acabe ouviu essas palavras, ele se apresentou ao Senhor de uma forma extremamente humilde (1Rs 21:27), inclusive rasgando suas roupas, vestindo pano de saco, e até se recusando a comer. O restante do capítulo sugere que seu arrependimento e humildade devem ter sido verdadeiros. Rasgar o manto, um ato comum na época para representar horror e tristeza, revelou que ele realmente aceitou a verdade do que Elias lhe disse. O texto não diz qual foi a profundidade e a duração desse arrependimento; o que diz é que o ato de rasgar o manto revelou a sinceridade de seu coração naquele momento.

Qual é a mensagem de Paulo em 2 Coríntios 7:10 (leia também o contexto do verso). Como podemos aplicar essa advertência à nossa vida?


O arrebatamento de Elias

P odemos dizer muitas coisas sobre Elias, mas, de qualquer maneira, devemos reconhecer que sua experiência foi interessante e dramática (embora, sem dúvida, ele esteja mais alegre hoje, após o arrebatamento). Em 2 Reis, capítulo 1, é contada uma história fascinante que leva a outra ainda mais fascinante no capítulo seguinte. Se pudesse ser dito que alguém, para usar o clichê, “saiu de forma gloriosa”, esse foi Elias.

6. Leia 2 Reis 2:1-18 e responda às seguintes perguntas:


A. Que razões Eliseu pode ter tido para não querer se separar de Elias, apesar dos três pedidos do mestre para que ele fizesse exatamente isso?
B. Por que Eliseu rasgou suas vestes nessa ocasião? Foi uma expressão de lamentação, ou outra coisa?


Sem dúvida, a resposta de Eliseu foi de entusiasmo e gratidão extremos. Ele viu o carro e os cavalos. Sim, ele teria uma porção dobrada do poder de Elias. Embora geralmente rasgar as vestes significasse tristeza, naquele momento Eliseu pode ter sido tão dominado que rasgou as roupas em gratidão. Ele tinha nas mãos o manto de Elias. O ato de rasgar suas vestes também poderia ter sido um símbolo de se livrar de sua própria roupa e vestir a roupa de Elias.


Na primeira vez em que Elias lançou seu manto sobre o lavrador Eliseu, ambos sabiam que esse ato simbolizava um chamado a trabalhar para Deus (embora Eliseu provavelmente o tenha devolvido a Elias, em algum momento). Eliseu agora tinha essa veste especial em sua posse, significando que ele deveria exercer as responsabilidades de liderança como Elias havia feito.


Examine também o pedido de Eliseu ao seu mestre (o que esse pedido traz à sua lembrança?). As palavras de Eliseu revelam algo do seu caráter, mostrando que ele era um sucessor digno de usar o manto do grande profeta que estava para “ser levado” deste mundo.


Que quadro mais amplo da existência essa história nos apresenta? Isto é, quantas vezes temos a tendência de manter uma estreita visão materialista do mundo, esquecendo a realidade sempre presente do reino sobrenatural, que existe também neste mundo e que interage conosco?


O manto de Eliseu

Então, [Eliseu] levantou o manto que Elias lhe deixara cair e, voltando-se, pôs-se à borda do Jordão. Tomou o manto que Elias lhe deixara cair, feriu as águas e disse: Onde está o Senhor, Deus de Elias? Quando feriu ele as águas, elas se dividiram para um e outro lado, e Eliseu passou” (2Rs 2:13, 14).

7. Sobre qual história o texto acima nos faz pensar? Que importante simbolismo é visto ali?


8. Leia 2 Reis 2:15-18. Tente se colocar no lugar desses profetas de Jericó. Por que eles tentaram encontrar Elias, mesmo sabendo que ele havia sido levado?


A partir dos versos anteriores, é evidente que os profetas sabiam que Elias seria arrebatado. O texto não diz se eles próprios viram o evento. Em certo sentido, isso não importa muito, porque eles sabiam que o “Espírito do Senhor” o havia levado. Para onde, entretanto, era outra questão. Por alguma razão eles acreditaram que Elias ainda podia ser encontrado “em algum monte ou em algum vale” (v. 16, NVI). Talvez, despreparados para a ideia de alguém ser levado para o Céu dessa forma, eles imaginaram que o Senhor tivesse feito algo diferente com Elias. E apesar das palavras de Eliseu para que não se preocupassem tentando encontrá-lo, eles insistiram nisso, de todas as formas. Só então, possivelmente, depois que o procuraram e não encontraram, eles tenham percebido o que aconteceu. No entanto, mesmo assim, houve espaço para dúvidas. Será que o Senhor o colocou em algum monte ou vale que eles ainda não tinham verificado?


No fim, não importam as experiências nem os milagres que temos visto, ainda precisamos exercer fé, ou então, mais cedo ou mais tarde, a dúvida irá se insinuar e desafiar seriamente nossa experiência cristã.

Pense sobre alguma experiência poderosa que você teve com o Senhor. Sem dúvida, no momento e logo após, sua fé estava forte. Com o tempo, no entanto, o que aconteceu, especialmente à medida que a própria experiência começou a desaparecer no fluxo do tempo? Assim, por que é importante que você, diariamente, faça as coisas que podem ajudá-lo a a fortalecer sua fé?


Estudo adicional

Leia de Ellen G. White, Patriarcas e Profetas , p. 88, “Sete e Enoque”; Profetas e Reis, p. 155-189, “De Jezreel a Horebe”, “Que Fazes Aqui?” e “No Espírito e Virtude de Elias”.

Elias, que fora trasladado ao Céu sem ver a morte, representa os que estarão vivos na Terra por ocasião da segunda vinda de Cristo, e que serão “transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta”; quando “isto que é mortal se revestir da imortalidade” e “isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade” (1Co 15:51-54, RC). Jesus estava revestido da luz do Céu, como há de aparecer quando vier a “segunda vez, sem pecado,... para salvação”; pois virá “na glória de Seu Pai, com os santos anjos” (Hb 9:28; Mc 8:38; Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 422).

Perguntas para reflexão:
1. Na prática, quais são as coisas que podemos fazer para ouvir a “voz tranquila e suave”? Entre as coisas que fazemos, quais tornam isso difícil, se não impossível? Como o pecado intencional, em grande medida, nos torna “surdos”, por assim dizer?
2. Quando você sente que o desespero e o desânimo são quase maiores do que sua capacidade de suportar, como você sabe que o Senhor está cuidando de você?
3. O manto de Elias simbolizava a sucessão de seu ministério por meio de Eliseu. Como podemos ter certeza de que “entregaram o manto” para as pessoas certas na igreja? Podemos saber?
4. Leia 2 Coríntios 7:10. O que é o verdadeiro arrependimento? Em contraste com isso, será que precisamos nos arrepender do nosso tipo de arrependimento?

Respostas sugestivas:
1: Elias derrotou os profetas de Baal, mas temeu Jezabel; os servos de Deus têm momentos de decepção.
2: Porque reconheceu na brisa suave a voz do Deus que lhe havia provido alimento, água e força, e que acalmou seu coração.
3: Elias passou por Eliseu e lançou seu manto sobre ele. O manto simbolizava o ministério ao qual Deus o chamava.
4: Sinal de lamentação; confusão e vergonha; contaminação e pecado; hostilidade: Hanum; idolatria e prostituição.
5: Acabe se humilhou, “rasgou as vestes, se cobriu de pano de saco, jejuou e andava cabisbaixo”.
6: Aquele era um momento crucial em seu preparo para a obra; tristeza pela separação e alegria pelo poder de Deus.
7: Travessia do Jordão e do Mar Vermelho. Na volta de Jesus, atravessaremos o “Jordão”.
8: Talvez por não terem visto a ascensão de Elias, e porque o milagre fosse grande demais; e até por falta de fé.

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